Portimão, molhe. Fotografia de Carlos Osório ©
atlântica é uma revista de crónicas literárias e viageiras, ensaios historiográficos, poesia e outras ficções sobre a Ibero-América, que combina o rigor da investigação académica com a expressividade literária.
Editada e impressa em papel entre 2004 e 2010, a partir de Portimão, pelo Instituto de Cultura Ibero-Atlântica, a atlântica mereceu reconhecimento internacional pela divulgação de estudos culturais, historiográficos e literários sobre a Ibero-América, que autores das duas margens atlânticas espraiaram nas suas páginas.
Em 2010, empurrados pelos ventos da crise, dobrámos pela última vez o cabo da escrita da atlântica, publicando a revista num formato moleskine, o mítico o caderno de notas de Bruce Chatwin. Transposto o cabo tormentoso com o número 06, ficámos demasiado tempo à deriva. Doze anos depois, fazemo-nos de novo ao mar para transpor um cabo que acreditamos ser agora esperançoso.
Tal como escreveu Lídia Jorge numa crónica seminal no primeiro número da atlântica, respondendo ao “apelo nómada das águas” voltamos a caminhar por cima do mar para onde parece apontar o braço gigante de Sagres. Para sudoeste, para a América Central e para a América do Sul.
Com o mesmo espírito dos seis números anteriores publicados em papel, indo e vindo entre o lado de cá e o lá de lá do mar, com a cumplicidade de autores de cá e autores de lá, reinventamos com a imaginação de que dispomos, temperada com a “inocência do agir”, uma nova atlântica digital que há de ter, uma vez por ano, uma versão impressa em papel no formato moleskine.
Porque sabemos (como Roger Chartier nos ensinou) que “as formas dirigem, se não a imposição do significado dos textos, pelo menos os hábitos que os autores podem neles investir e as apropriações” dos leitores, privilegiaremos as formas breves de escrita como a crónica, o ensaio breve, o conto curto, a poesia, o diálogo, o aforismo, o fragmento, enfim, na panóplia de géneros, aqueles que, segundo Montaigne, melhor permitem a “vagabundagem de estilo e de espírito” dos autores e o “olhar oblíquo” dos leitores.
Por ora, puxamos para esta nova atlântica digital alguns dos fios azuis que estendemos entre as margens oceânicas nos seis números publicados entre 2004 e 2010, convidando-vos a uma navegação de cabotagem entre as diferentes páginas e subpáginas web que reproduzem as secções temáticas da pretérita série da revista impressa em papel. Para além dessa escolha subjetiva de textos pretéritos que, pela sua recomposição neste suporte digital, poderá ser apropriada como uma possibilidade de uma atlântica que não chegou a ser editada, ou então como uma edição especial evocativa da pretérita série, convidamo-vos a descarregar os pdfs dos seis números impressos e a empreender uma navegação de longo curso enquanto não aporta a nova atlântica.